Distúrbios de aprendizagem na infância: o que você precisa saber?

Professora ensinando criança com distúrbios de aprendizagem em uma sala de aula com mesas e cadeiras de madeira

Durante o período escolar, é muito comum que certos alunos tenham mais dificuldade do que outros para absorverem o que lhes é ensinado. Aliás, esse é um dos vários motivos pelos quais os professores e pedagogos existem!

No entanto, existem casos em que apenas o trabalho desses profissionais, assim como os esforços dos pequenos, não são o suficiente. Quando isso ocorre, pode ser que a criança sofra de um, ou mais distúrbios de aprendizagem.

Isso não significa, porém, que seu filho não terá a capacidade de aprender, ou que é mais “lento” do que os outros. Nada de estigmas por aqui, combinado? Significa apenas que o pequeno precisará de mais ajuda e paciência para lidar com essa dificuldade.

Pensando nisso, hoje preparamos um texto com tudo o que você precisa saber sobre esse assunto. Entenda, sem medo nem amarras, o que são os distúrbios de aprendizagem, quais são os mais comuns, como eles acontecem e como lidar com essa situação. Vamos lá?

Afinal: o que são os distúrbios de aprendizagem?

O distúrbio de aprendizagem é um problema (de fundo neurológico) no processamento de informações que recebemos. Em outras palavras, ele impede, de alguma forma, que a pessoa aprenda uma certa habilidade e a use de forma efetiva.

Esse quadro pode interferir no aprendizado de habilidades básicas, como leitura, escrita e/ou matemática, ou ainda em capacidades gerais, como organização, planejamento do tempo, raciocínio lógico, memória e atenção.

Dificuldade de aprendizagem x distúrbio de aprendizagem

A dificuldade de aprendizado não deve ser confundida, em hipótese alguma, com os distúrbios de aprendizagem.

O primeiro se refere mais aos métodos de ensino e ao aprendizado em si, do que uma alteração orgânica do nosso corpo. Uma criança pode estar passando por dificuldades em alguma disciplina porque não consegue assimilar muito bem a teoria desta com a sua realidade, por exemplo, ou porque está passando por alguma situação peculiar em casa.

Já os distúrbios de aprendizagem acontecem devido à maneira como o nosso cérebro absorve e processa as informações que recebemos, e pode derivar de vários fatores. Estes resultam principalmente de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência intelectual, de distúrbios emocionais ou ainda de desvantagens ambientais, culturais ou econômicas.

No fim, a melhor forma de entender o que seu filho pode ter é conversar com o professor dele e, claro, procurar por um especialista. Assim, todos os lados dessa “história” poderão ser analisados da forma correta.

É preciso atenção desde cedo!

Como as dificuldades de leitura, escrita e/ou raciocínio lógico são problemas reconhecíveis durante os anos escolares, os sinais e sintomas dos distúrbios de aprendizagem são mais frequentemente diagnosticados durante esse período.

No entanto, alguns pacientes só recebem o devido diagnóstico quando já estão no ensino-médio, ou até mesmo na faculdade. Isso sem falar que muitas pessoas costumam passar a vida inteira sentindo certas dificuldades de aprendizado e relacionamento sem sequer saberem o porquê. É por isso que os pais devem SEMPRE estar atentos ao processo de desenvolvimento dos seus filhos.

Tendo isso em mente, veja quais são os distúrbios de aprendizagem na infância mais comuns, e aprenda a reconhecê-los para que seu pequeno tenha os melhores (e mais direcionados) cuidados possíveis.

Os tipos mais comuns de distúrbios de aprendizagem

1. Dislexia

A dislexia é um distúrbio que afeta o modo como a pessoa processa a linguagem, podendo dificultar sua leitura, escrita e até mesmo fala. Por isso, também costuma ter problemas com relação às noções de gramática da sua língua e, consequentemente, com interpretação de texto.

2. Dispraxia

A dispraxia afeta as habilidades motoras do paciente, influenciando na forma como ele se movimenta e, consequentemente, na sua coordenação.

Uma criança com esse quadro, por exemplo, costuma esbarrar nas coisas com certa frequência, ter problemas para segurar uma colher ou amarrar os cadarços.

Mais tarde, pode apresentar dificuldade para escrever, digitar, falar e realizar alguns movimentos oculares, assim como ter mais sensibilidade à luz, toque, sabores e cheiros.

3. Distúrbio do Processamento Auditivo (DPA)

É uma condição que afeta negativamente a forma como o som, que viaja pelos ouvidos, é processado ou interpretado pelo cérebro.

Pacientes com DPA não reconhecem diferenças sutis entre palavras semelhantes, e podem ter dificuldade em saber de onde vêm os sons, assim como distingui-los de outros ruídos concorrentes (como uma pessoa gritando o seu nome enquanto vocês passeiam em um parque de diversões, por exemplo).

4. Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Alunos com TDAH têm dificuldade em prestar atenção na aula e permanecer focados em alguma tarefa. Costumam se distrair facilmente e, geralmente, têm dificuldades em ambientes escolares muito tradicionais.

Diferentemente das dificuldades típicas de aprendizado, que precisam de intervenções instrucionais, o TDAH pode ser tratado com sucesso por meio de medicamentos e terapias comportamentais.

5. Discalculia

A discalculia afeta a capacidade de uma pessoa de fazer contas. Os distúrbios matemáticos podem assumir várias formas e apresentar sintomas diferentes de paciente para paciente.

Em crianças pequenas, esse quadro pode afetar a aprendizagem de contar e até mesmo reconhecer os números. Na medida em que o aluno cresce sem tratamento, ele pode adquirir muita dificuldade para resolver problemas matemáticos básicos, ou memorizar coisas importantes para a disciplina, como as tabuadas e as fórmulas.

6. Disgrafia

A disgrafia pode estar relacionada ao ato físico de escrever, ou à dificuldade com a expressão escrita. Nela, o aluno geralmente não consegue:

  • segurar um lápis corretamente;
  • escrever de forma legível;
  • ficar com a postura normal ao tentar escrever, tensionando a coluna;
  • organizar seus pensamentos de forma coerente ao escrevê-los;
  • manter a estrutura básica de uma frase, fazendo com que ela fique coesa e coerente.

Atenção:

Vale ressaltar que esses seis distúrbios de aprendizagem na infância costumam se manifestar de várias formas, desde leves a graves, e alguns alunos ainda podem sofrer de mais de um.

O que pode causar os distúrbios de aprendizagem?

São fatores que podem influenciar o desenvolvimento dos distúrbios de aprendizagem na infância:

  • genética: um histórico familiar de distúrbios de aprendizagem aumenta o risco de uma criança desenvolver algum deles;
  • gravidez de risco/descuidada: o baixo crescimento do útero (restrição severa do crescimento intra-uterino), a exposição ao álcool e às drogas durante a gestação, o parto prematuro e o baixo peso exagerado ao nascer têm sido associados aos distúrbios de aprendizagem;
  • trauma psicológico: traumas psicológicos ou abusos na primeira infância podem afetar o desenvolvimento do cérebro e, consequentemente, aumentar o risco de distúrbios de aprendizagem;
  • trauma físico: lesões na cabeça ou infecções no sistema nervoso podem desempenhar um papel no desenvolvimento destes distúrbios.

Como saber se seu filho possui algum distúrbio de aprendizagem?

Perceba se ele apresenta um, ou mais dos sinais descritos abaixo:

  • não dominar as habilidades de leitura, ortografia, escrita ou matemática na idade ou série esperada;
  • ter dificuldade em entender e seguir instruções;
  • ter dificuldade em lembrar o que alguém acabou de lhe dizer;
  • ter falta de coordenação na caminhada, esportes ou habilidades motoras, como segurar um lápis, por exemplo;
  • perder as coisas com facilidade;
  • ter dificuldade em entender o conceito de tempo;
  • resistir a fazer trabalhos de casa ou atividades que envolvam leitura, escrita ou matemática;
  • não conseguir concluir tarefas comuns sem ajuda significativa;
  • ter reações emocionais excessivas na escola, ou durante atividades acadêmicas, como deveres de casa ou leituras.

Diagnóstico

Os distúrbios de aprendizagem na infância podem ser difíceis de serem diagnosticados porque não existe uma lista definitiva e ESPECÍFICA de sintomas que se encaixem a todas as crianças. Além disso, muitos pequenos tentam disfarçar o problema por pressão ou vergonha.

Por isso, se você por acaso suspeitar que seu filho tenha algum distúrbio de aprendizagem, converse com o pediatra e o professor do pequeno para que, juntos, vocês possam fazer uma avaliação do caso.

Ainda assim, saiba que pode ser necessário consultar vários especialistas antes de se obter um diagnóstico definitivo, incluindo psicólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais ou até mesmo fonoaudiólogos. Tudo depende do caso.

Tratamento

Se o seu filho tiver algum distúrbio de aprendizagem, o médico especialista poderá recomendar, dependendo do caso e gravidade do quadro:

  • aulas particulares;
  • programas de educação individualizada;
  • orientação de professores especializados em seu distúrbio;
  • terapia (análise e/ou terapia ocupacional);
  • medicação.

Contudo, lembre-se sempre: cada caso é um. Somente um profissional capacitado conseguirá entender qual tratamento será melhor para o seu pequeno, combinado?

E aí, esse texto foi útil para você? Saiba que, para ficar por dentro de mais assuntos como este, é só acessar o nosso Blog sempre que quiser!

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Texto originalmente publicado no portal Convite à Saúde!

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