Isquemia intestinal: o que é, tipos, sintomas e tratamentos

Mulher sentada na cama com uma mão na barriga e a outra na boca. Ela está curvada indicando que está com nauseas e prestes a vomitar e está com dor abdominal por conta de uma isquemia intestinal

Também conhecida como infarto intestinal, a isquemia intestinal é, na verdade, um conjunto de condições que podem ocorrer quando o fluxo sanguíneo para este órgão é diminuído. Isso geralmente acontece devido a um vaso sanguíneo bloqueado, principalmente na região do mesentério, e pode acometer o intestino delgado, o intestino grosso (cólon) ou ambos.

Por ser uma condição muito séria, reconhecer seus primeiros sintomas e procurar ajuda médica imediatamente é crucial para aumentar as chances de recuperação.

Pensando nisso, preparamos esse artigo de hoje para que você possa saber tudo o que precisa sobre a isquemia intestinal. Vamos lá?

Do começo: um pouco sobre nossa anatomia

Para que você possa entender como o infarto intestinal acontece, precisamos antes conversar um pouco sobre alguns aspectos da anatomia do corpo humano.

Toda a nossa cavidade abdominal (incluindo órgãos e vísceras) é revestida por uma membrana chamada peritônio. Na região do intestino, o peritônio se dobra e forma um “leque”, composto por duas camadas, chamado mesentério.

O mesentério é o órgão responsável por dar sustentação ao intestino, fixando-o à parede abdominal. Além disso, ele contém vasos e nervos que são distribuídos às vísceras.

A importância do mesentério, como explico em meu e-book Doenças Vasculares que Atingem o Mesentério, “é que ele serve como um assoalho para a passagem dos vasos e nervos, ajudando para que estes não fiquem soltos dentro da cavidade abdominal.”

Agora sim: o que é exatamente a isquemia intestinal?

A isquemia intestinal ocorre, então, quando o fluxo sanguíneo das principais artérias que fornecem sangue ao intestino é reduzido ou interrompido.

A condição, em si, tem causas variadas, incluindo obstruções causadas por coágulos sanguíneos, ou um estreitamento arterial devido ao acúmulo de colesterol.

Por fim, vale ressaltar que esses bloqueios também podem ocorrer nas veias, apesar de mais raros.

Fatores de risco para o infarto intestinal:

  • aterosclerose (acúmulo de gordura nas artérias);
  • ter mais de 50 anos;
  • fumar;
  • sofrer de alguma doença pulmonar;
  • ter problemas cardíacos (insuficiência cardíaca congestiva, batimento cardíaco irregular etc)
  • certos medicamentos como pílulas anticoncepcionais, antialérgicos e analgésicos;
  • problemas de coagulação do sangue;
  • uso ilegal de drogas como cocaína e metanfetamina.

Tipos de isquemia intestinal

O infarto intestinal é frequentemente dividido em categorias: isquemia aguda e isquemia crônica.

Isquemia mesentérica aguda

Costuma afetar o intestino delgado e ter um início abrupto. Suas principais causas podem ser devido a:

  • Um coágulo sanguíneo que se desloca do coração, viaja pela corrente sanguínea e bloqueia uma artéria, geralmente a mesentérica superior, que fornece sangue rico em oxigênio ao intestino. Causas frequentes da formação de coágulos são: insuficiência cardíaca congestiva, arritmia e infarto agudo do miocárdio.
  • Um bloqueio que se desenvolve dentro de uma das principais artérias intestinais e diminui ou interrompe o fluxo sanguíneo, geralmente como resultado de depósitos de gordura (aterosclerose) acumulados na parede de uma artéria.
  • Fluxo sanguíneo prejudicado, resultante de pressão arterial baixa devido a choque, insuficiência cardíaca, certos medicamentos ou insuficiência renal crônica. É mais comum em pessoas que têm outras condições graves, ou até mesmo algum grau de aterosclerose. Vale ressaltar, por fim, que a isquemia que acontece por esse motivo é, muitas vezes, referida como isquemia não oclusiva. Ou seja: não foi provocada por um bloqueio de artéria.

Sintomas

  • Dor abdominal intensa, concentrada perto da região do umbigo;
  • náusea e/ou vômito;
  • sangue oculto nas fezes;
  • história de fibrilação atrial crônica ou doença cardiovascular.

Isquemia mesentérica crônica

É provocada pelo acúmulo de depósitos de gordura na parede da artéria (aterosclerose). O processo da doença é geralmente gradual, e pode não manifestar sintomas até que pelo menos duas das três artérias principais que suprem o intestino fiquem estreitadas ou completamente obstruídas.

Uma complicação potencialmente perigosa da isquemia mesentérica crônica é o desenvolvimento de um coágulo sanguíneo dentro de uma artéria doente, causando um bloqueio repentino do fluxo sanguíneo (isquemia mesentérica aguda).

Principais sintomas

  • Dor abdominal após as refeições;
  • perda de peso;
  • mudança dos hábitos alimentares devido às dores pós-refeição;
  • náusea e/ou vômito;
  • constipação ou diarreia.

São fatores de risco para a isquemia mesentérica crônica:

Diagnóstico

Normalmente, o diagnóstico é feito por meio de vários testes que podem incluir:

  • exame de sangue (principalmente a contagem de células brancas);
  • testes de imagem (raios-X, ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética);
  • endoscopia ou colonoscopia;
  • angiografia;
  • cirurgia (laparotomia exploradora).

Tratamento

A melhor alternativa para tratar o infarto intestinal é, logicamente, revascularizar o vaso acometido.

Porém, como o diagnóstico dessa condição é muito difícil de ser feito, ela é comumente tratada cirurgicamente. Durante o procedimento, é feita a ressecção da porção do intestino acometida, e as duas extremidades remanescentes são reconectadas.

Por fim, como também explico em meu e-book, o tratamento da isquemia intestinal também pode ser clínico, com uma dieta alimentar adequada, pouco volumosa e fracionada, associada à medicação antiespasmódica e vasodilatadora.

Porém, lembre-se: só devem receber essa forma de cuidado os pacientes que possuem poucos sintomas e, mesmo assim, de forma bastante cuidadosa e criteriosa.

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Texto originalmente publicado no portal Convite à Saúde

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