O novo coronavírus, batizado de 2019-nCoV, provoca sintomas gripais como febre alta, tosse, dor de garganta, dores musculares e dificuldades para respirar. A doença causada por ele foi denominada COVID-19.
Ela surgiu em dezembro de 2019, na província de Wuhan, na China. Hoje, 3 meses depois, o coronavírus foi classificado como uma pandemia.
Link para as estatísticas da pandemia em todo o mundo (dados atualizados constantemente):
https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries
Transmissão do coronavírus
Transmissão direta
A transmissão do coronavírus se dá, principalmente, por via aérea: secreções respiratórias expelidas quando um doente fala, espirra ou tosse. As microgotículas são dispersas a uma distância de até 1,8 m.
Como em outras infecções respiratórias, as pessoas são mais contagiosas quando apresentam sintomas, especialmente nos primeiros dias da doença.
Porém, no caso do COVID-19, a transmissão a partir de pessoas ainda sem sintomas e sem diagnóstico tem sido importante devido ao grande número de pacientes nessa situação.
Trabalhos recentes mostram que pessoas infectadas e assintomáticas são responsáveis por 80% dos casos documentados da doença.
Transmissão indireta
Sabe-se também que o coronavírus sobrevive por algumas horas em superfícies. Acredita-se que tocar um objeto contaminado pelo vírus e depois levar a mão à boca, nariz ou olhos pode resultar na infecção.
A desinfecção das superfícies com álcool a 70% ou hipoclorito de sódio a 0,1%, durante 1 minuto, reduz significativamente o risco de transmissão.
Superfície | Tempo de persistência do coronavírus |
---|---|
Alumínio | 2 a 8 horas |
Luvas cirúrgicas | 8 horas |
Aço | 48 horas |
Papel | 4 a 5 dias |
Madeira | 4 dias |
Vidro | 4 dias |
Plástico | 5 dias |
J. Hosp. Infect. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.01.022
Sinais e sintomas da COVID-19
A infecção pelo coronavírus tem um período de incubação médio de 4 a 6 dias, mas ele pode variar de 2 a 24 dias.
A maioria das pessoas infectadas (cerca de 80%) apresenta um quadro respiratório leve e sem complicações. Os sinais e sintomas são semelhantes aos de um resfriado comum:
- febre;
- tosse (seca ou não);
- dor de garganta;
- fadiga ou dores musculares.
A dificuldade respiratória, que ocorre em cerca de 20% dos casos, surge geralmente em torno do sétimo ou oitavo dia de doença.
Em pessoas idosas e com o sistema imunológico comprometido por outras doenças, a COVID-19 pode se causar sérias complicações, incluindo síndrome respiratória aguda grave, infecções oportunistas por fungos ou bactérias, edema pulmonar, sepse, insuficiência renal e até mesmo a morte.
Estima-se que 5% dos pacientes infectados irão necessitar de internação em unidades de terapia intensiva (UTI).
As crianças infectadas pelo coronavírus costumam ter um quadro mais leve e sem complicações. Porém, é importante lembrar que elas podem transmitir a doença e devem ser isoladas especialmente de pessoas mais idosas.
Taxa de mortalidade da COVID-19
A taxa de mortalidade na COVID-19 varia de acordo com a faixa etária do paciente, local onde mora e presença de outras doenças de base. Pacientes fumantes, obesos, portadores de câncer, hipertensão arterial, diabetes, doenças respiratórias crônicas e cardiovasculares costumam ter quadros mais graves.
Levando-se em conta todos os casos da doença, a taxa de mortalidade gira em torno de 1 a 3%.
Faixa de idade | Taxa de Mortalidade |
---|---|
10-19 anos | 1,2% |
20-29 anos | 0,2% |
30-39 anos | 0,2% |
40-49 anos | 0,4% |
50-59 anos | 1,3% |
60-69 anos | 3,6% |
70-79 anos | 8,0% |
80 anos ou mais | 14,8% |
Por que o coronavírus é um problema tão grande?
Apesar da taxa de mortalidade da COVID-19 não ser tão elevada quanto outras doenças como o sarampo, por exemplo, ela representa um grande problema de saúde pública. A sua alta transmissibilidade leva a uma epidemia de grandes proporções em um pequeno espaço de tempo.
A taxa de infectividade do coronavírus é 2,75, ou seja, cada doente irá infectar outras 2 a 3 pessoas. O resultado disso é uma grande quantidade de pessoas doentes ao mesmo tempo, o que pode sobrecarregar o sistema de saúde além da sua capacidade.
Epidemias causadas por vírus que provocam muitos casos leves, como o 2019-nCoV, têm uma velocidade alta de dispersão na população. Mesmo os pacientes com poucos sintomas ou totalmente assintomáticos podem transmitir a doença.
Como a taxa de hospitalização na COVID-19 é de 20%, a superlotação dos hospitais pode dificultar o atendimento dos pacientes com outras doenças graves.
Além disso, a quantidade de leitos em UTIs e de profissionais capacitados para o tratamento desses doentes representa um grande desafio da pandemia atual.
Diagnóstico
O diagnóstico da COVID-19 se baseia em exames laboratoriais e de imagem com alterações características da doença e da detecção do vírus por meio do PCR-TR (reação em cadeia de polimerase em tempo real).
O exame específico pode ser feito em amostras respiratórias, sangue, urina e fezes. O mais comum é utilizar o SWAB oral.
Quem deve fazer o teste para o coronavírus?
O teste diagnóstico para a COVID-19 está indicado para as pessoas que apresentam sintomas como febre alta, tosse, nariz escorrendo, dores musculares e de cabeça, e dificuldades respiratórias.
Pessoas com sintomas leves, mesmo se suspeitarem de COVID-19, não devem se dirigir ao hospital, mas ficar em casa, em isolamento. É preciso procurar atendimento apenas se houver piora do quadro respiratório.
Importante: pessoas assintomáticas não devem ser testadas.
Tratamento
Não existe tratamento estabelecido para o coronavírus, porém vários medicamentos estão sendo testados em todo o mundo.
Os casos leves de COVID-19 devem permanecer em isolamento domiciliar e utilizar máscara cirúrgica durante 7 dias a partir do início dos sintomas. Os familiares em contato com o doente também devem utilizar máscara cirúrgica.
Importante: Não utilizar anti-inflamatórios não esteroides (ex: ibuprofeno), visto que foram associados a casos mais graves da doença.
No caso dos pacientes internados, estão indicadas medidas gerais e de suporte respiratório. Nos pacientes mais graves, observa-se um tempo maior de eliminação do vírus, mesmo após a melhora clínica. Foram relatados casos da presença do vírus até 17 dias após o início da doença.
Como posso ajudar a controlar a epidemia da COVID-19?
O coronavírus é um patógeno novo para os seres humanos e evitar a infecção, nesse momento, não é possível.
As medidas e cuidados descritos abaixo têm o objetivo principal de controlar a epidemia, evitando um número alto de casos em um espaço de tempo curto e a falência do sistema de saúde.
Quando as pessoas se unem e executam as ações recomendadas, a taxa de transmissão cai, o número de novos casos é menor e eles acontecem mais lentamente.
O efeito das medidas protetivas está demonstrado no gráfico abaixo (Fonte: CDC):
Isolamento
A única maneira de controlar uma pandemia, especialmente com um vírus tão infectivo, é o isolamento. Porém, a medida só funciona se for um esforço de toda a população.
No Brasil, neste mês de março, a epidemia ainda está se instalando, com o pico da infecção previsto para daqui a seis semanas. Para que não cheguemos à situação enfrentada por outros países como a Itália, por exemplo, o momento da intervenção deve ser precoce.
As seguintes ações são recomendadas:
- evitar locais com aglomeração de pessoas (igreja, academia, cinema, teatro, elevadores, transporte público etc);
- cancelar todos os eventos sociais (festas, congressos etc);
- suspender as aulas em escolas e faculdades;
- reagendar consultas e cirurgias eletivas;
- trabalhar de casa, quando possível;
- suspender viagens internacionais por, pelo menos, 90 dias;
- pessoas chegando do exterior, mesmo sem sintomas, devem ficar em isolamento domiciliar por 7 dias;
- contatos próximos de casos confirmados devem se isolar em casa por 14 dias usando máscara cirúrgica;
- pacientes com sintomas gripais devem ser isolados no domicílio e usar máscara cirúrgica;
- idosos devem ficar em casa nos próximos 60 dias, sem receber visitas, especialmente de pessoas com sintomas gripais.
Importante:
- Pacientes com sintomas gripais como febre, tosse, nariz escorrendo e dor de garganta não devem procurar o pronto socorro;
- permanecer em casa e instituir medidas gerais: hidratação, repouso e analgésicos;
- em casos suspeitos, a coleta para o exame pode ser feita em domicílio;
- somente ir ao pronto atendimento se houver piora do quadro como, por exemplo, dificuldade respiratória.
Medidas gerais
- Etiqueta respiratória: cubra o nariz com o braço antes de tossir ou espirrar;
- higienize as mãos frequentemente, ainda mais quando voltar da rua ou antes de fazer uma refeição (água e sabão ou álcool gel);
- evite tocar na boca, nariz e olhos sem lavar as mãos;
- nos momentos em que for preciso sair de casa, manter um afastamento de 2 metros das outras pessoas;
- jamais compartilhe objetos de uso pessoal como garrafas, copos, guardanapos e talheres;
- não usar bebedouros;
- mantenha os ambientes em que você está bem ventilados;
- evite contato com pessoas doentes;
- se estiver na mesma casa com uma pessoa doente, use máscara cirúrgica.
Máscara cirúrgica
As máscaras bloqueiam grande parte das gotículas eliminadas na fala, tosse ou espirro. Porém, a quantidade de máscaras disponível não é suficiente para o uso constante por toda a população.
A recomendação quanto ao uso das máscaras cirúrgicas comuns é:
- pacientes que estejam com suspeita de COVID-19;
- pessoas que vivem na mesma casa de um paciente com COVID-19;
- quem esteve em contato com uma pessoa infectada e começou a apresentar sintomas gripais.
As máscaras N95 devem ser reservadas para:
- profissionais da saúde que estejam atendendo pacientes com COVID-19;
- profissionais da saúde que estejam trabalhando em UTI’s com pacientes infectados pelo COVID-19.
Cuidados nos consultórios médicos:
- Esse não é o momento para consultas de rotina ou cirurgias eletivas. Os pacientes devem ser orientados e as consultas remarcadas sempre que possível;
- na hora de confirmar uma consulta, indagar sobre sintomas gripais, contato com pessoas doentes e/ou que chegaram do exterior;
- modificar a sala de espera para que as cadeiras fiquem mais afastadas;
- pedir que o paciente venha sem acompanhantes, se possível;
- se o paciente tem acompanhantes, pedir que esperem do lado de fora e não na sala de espera, para evitar aglomeração de pessoas;
- paciente que chega com sintomas gripais deve colocar máscara, ser isolado dos demais e ser atendido rapidamente;
- retirar da sala de espera as revistas e objetos manuseados por mais de um paciente;
- passar álcool na bancada da recepção depois de atender e liberar cada paciente, e antes de chamar o próximo;
- no fim da consulta, pedir para que o paciente não retorne à recepção. Agendamentos futuros devem ser feitos por telefone.
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Autora convidada: Dra. Adriana Bonfioli
Texto originalmente publicado no portal Convite à Saúde!